quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Mais reflexões

PRATIQUES / MODULO 2 - Educadores e educando , tempos históricos.


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O objetivo do segundo módulo é levar o leitor a compreender, no contexto histórico, a educação, a escola e os processos de construção das instituições escolares do país. Neste caminho da compreensão das coisas, sempre se faz necessário definir um ponto de apoio, sobre o qual construiremos a compreensão do objeto. Conhecer os fatos históricos relacionados à Educação Brasileira é este ponto de partida para todos aqueles que desejam desempenhar com propriedade funções relativas ao trabalho como educador. Assim, é necessário conhecer o processo histórico de formação do sistema escolar brasileiro, conhecer o espaço da escola, como os funcionários das escolas podem ser educadores não docentes, como ocorre a educação em outros espaços da escola, por que a escola é diferente em função das diferenças sociais, porque a formação profissional é importante. Analisar os acontecimentos históricos nos permite nos situar no presente preparando o futuro.
Saber que as iniciativas de educação no Brasil foram executadas visando o benefício de alguns, uma vez que, na condição de colonia, o Brasil deveria suprir a metrópole e não receber recursos dela. Porém fatos ocorridos na Europa, a partir da Revolução Francesa- 1789, levaram a Corte Portuguesa, a se transferir para o Brasil, 1808. A princípio, as inciativas educacionais , que estavam nas mão do Jesuítas desde 1549 a 1759, quando foram expulsos pelas reformas Pombalinas; neste contexto, a Educação no Brasil somente teve incremento após a chegada da Corte Portuguesa criando Escolas Militares Superiores, algumas faculdades de artes Médicas, e outras; todas para suprir as necessidades de proteção e bem estar da Corte instalada. A população nativa e negros: escravos, ficaram excluídas de qualquer iniciativa de Educação.
Com a Independência, 7 de setembro de 1822, as forças políticas se articularam visando promover algumas reformas, neste processo muitas revoltas ocorreram. Em 1824, Dom Pedro I outorga a primeira constituição Brasileira, nesta, no artigo 179, § 32 temos o texto que garante uma educação primária e gratuita a todos os cidadãos, assim, se construi uma ilha de letrados em meio a um mar de analfabetos. E neste conjunto semelhante de ações se construiu a educação Brasileira, privilégio de poucos a custos do suor de muitos, isto nos faz entender porque vivemos como miseráveis em montanhas de ouro.
No segundo reinado, com a maioridade de Dom Pedro II, e entre 1840 e 1889, espalharam-se pelas províncias do Império os liceus, as escolas normais, as escolas paroquiais, as escolas domésticas ou particulares, os seminários, os colégios masculinos e femininos e os inter­natos. Em 1890, foi criado o primeiro grupo escolar em São Paulo. Nestes períodos, o acesso à escola das mulheres não era facilitado. As elites não olhavam com bons olhos a educação, uma vez que se precisava de trabalhadores obedientes e submissos e não de letrados. Na sociedade brasileira não havia lugar a escola pública.
Com a República, a sociedade brasileira, ainda marcada pelos vícios da monarquia, não deu o devido valor à educação. O ilustre Rui Barbosa levantou vozes contra o número de analfabetos e a necessidade promover a educação escolar visando diminuir o atraso cultural da população brasileira. Na década de 20 e 30, algumas iniciativas foram executadas, como a criação da ABE - Associação Brasileira de Educação. Em 1930, tivemos a criação do MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE PÚBLICA. Mas, a escola pública continuava como o instrumento de manutenção de privilégios de poucos - as elites proprietárias de terras - e das desigualdades de classe, de gênero e de sexo.

A Ditadura militar instalada em 1964, veio, garantir por mais 25 anos a não valorização da escola pública, beneficiando assim as elites que se recusam a compartilhar com a população as riquezas do país. Porém, o sistema econômico vigente exigia trabalhadores aptos à industria, o que passava pela escolarização. Os operários precisavam serem alfabetizados para operar as máquinas sofisticadas que a industria capitalista precisava. Então o governo militar investi neste tipo de educação construindo escolas técnicas industrias, comercias e agrícolas. Esta visão míope do grupo que governava, esqueceu do fato de que não haveria emprego para todos, pois, nestas escolas técnicas se ensinava a fazer e não se ensinava a pensar, assim, para gerar empregos é preciso empreender, pensar, criar. Não o fizeram, logo, não havia emprego para todos e passamos o que passamos nas décadas de 80 e 90.

Agora, estamos ajustando o sofrimento, mas, temos iniciativas positivas na educação. Aqui no Paraná: programas como o PDE, PROFUNCINÁRIO, MAIS EDUCAÇÃO e outros. Mas o reflexo de tudo isto, está na valorização da Escola, e assim, espero que nas próximas décadas, regadas à democracia, a qualidade da escola pública alcance os níveis adequados para o bem estar de todos, pois, sem este nível de desenvolvimento socioeconômico, poderemos nos defrontar com dilema: ou tudo para todos, ou o nada será divido entre os poucos que sobrarem.

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